Fortaleza e Jericoacoara

    O que faz pessoas que gostam de curtir o silêncio, de passear na mata fechada fugindo do calor do sol, de sentir a brisa e a ouvir balançando as folhas das árvores, um canto de pássaro aqui e alí, irem para Fortaleza? Eu também não sei, mas de repente, dia 09/01/2006 nós despencamos por lá.
   
 
    Fortaleza é uma cidade. Grande, com prédios de 25 andares (acho que eles combinam), quente, muito quente. À beira mar há um vento permanente que refresca, e portanto toda a população e turistas ficam aí. Resultado, calçada intrafegável, cada bar tocando música em volume maior que o vizinho, insuportável. Uma quadra para dentro, o calor abafado te sufoca. Foi esse ambiente acolhedor que fez com que a Sílvia tivesse um piripaque em plena Praça dos Estressados (sim, o nome é esse mesmo...), pois ninguém é de ferro.
   
 
    Então, vamos às praias; mas antes disso não deixe de passar um dia inteiro no Centro Cultural Dragão do Mar. A beleza começa com a arquitetura do Centro Cultural. Lá dentro você encontrará cinemas, teatro, o Museu de Arte Contemporânea, Memorial da Cultura Cearense, Planetário, Biblioteca, Livraria. Regule seu tempo para sair do Centro à noite, e aproveite para jantar, ou simplesmente tomar uma cerveja em algum dos inúmeros barzinhos que rodeiam o Centro. Come-se muito bem em Fortaleza e redondezas. Depois do jantar volte a pé passando pelos bares agitados da praia de Iracema e pela avenida Beira Mar. Tempo de permanência em Fortaleza: 1 dia.
   
 
    No dia seguinte pegue um ônibus para oeste, rode umas 4 horas e você chega a Jijoca. Hora de fazer baldeação para uma jardineira ou pau de arara tracionado e em mais 45 minutos você está em Jijoca de Jericoacoara. Vinte anos atrás, Jeri deve ter sido um paraíso. O charme persiste apesar do número de pousadas e restaurantes. Assim que você chega, vão te dizer para fazer a “caminhada ecológica” à Pedra Furada; o caminho é muito, mas muito bonito. O problema é que vão dizer a você e às centenas de pessoas que chegaram com você. Resultado: essa é a Pedra Furada. Mas não desanime. Vá passear na praia de Jeri. Mar gostoso, praia linda, uma duna enorme à esquerda, na qual você deve subir para assistir ao por do sol. Do outro lado da duna, a praia do Mangue Seco, de vários quilômetros de extensão, é só sua e, eventualmente, de algum outro casal que por lá se perdeu. Brinque, role, se esbalde na água. À noitinha, quando a fome começar a se manifestar, entre em qualquer restaurante e peça lagosta ou camarão a seu gosto, regados de uma boa cervejinha ou um vinho branco bem gelado. É uma delícia, e, diga-se de passagem, bem barato. À noite, tentamos ir tomar um banho de mar, mas a maré desce tanto que não achamos o mar...
   
 
    Não deixe de visitar a Lagoa Paraíso, e ficar balançando nas redes colocadas dentro d’água. Não perca também o passeio de bugue, pela praia do Mangue Seco, para Tatajuba, cidade soterrada por uma duna e depois reconstruida mais adiante, passando por belíssimas dunas. Aí estou eu depois do passeio. Combine com o bugueiro uma passada na criação de cavalos marinhos no mangue. Essa passada não faz parte do roteiro, e só soubemos dela depois. Se for bonito, e deve ser, escreva-me contando.
   
 
    Três dias em Jeri é a conta. Até para quem, como nós, não gosta de praia...
   
 
    De volta à capital, o jeito é continuar a curtir praias. A Praia de Porto das Dunas, que perdeu seu nome para se tornar Praia do Beach Park, tadinha, é muito gostosa, mar relativamente tranquilo, pouca gente. A única barraca que há por ali pertence, é claro, ao Beach Park e seus preços são exatamente o triplo de qualquer outro em qualquer praia. Há um palco no qual um conjunto se apresenta (incrível que em TODOS os lugares, inclusive Jeri, com exceção da Lagoinha há barulho saindo de alto falantes), e, o que é pior, te cobram couvert artístico por um barulho que você não quer ouvir!!!
   
 
    Já que falei da Lagoinha, vá visitá-la antes que se torne como as outras. Não há música, a praia é uma linda baía. Caminhando para a direita, suba a duna e desça do outro lado para a praia do Suspiro da Baleia, e você terá uma praia só sua. Vale ficar uns dois dias, inclusive hospedado alí mesmo na pousada do Milton.
   
 
    Claro que há outras praias por alí, mais famosas do que as que descrevi. Mas muito do que há, é propaganda enganosa. Se você tiver tempo sobrando, vá visitar a Praia do Cumbuco. Não fiz o passeio de bugue lá, portanto não posso opinar, mas a praia... Vão te fazer propaganda das praias do Morro Branco com suas falésias (ela é muito bonita, mas ninguém fica lá) e da praia das Fontes, e o guia local vai te mostrar os locais exatos das gravações das novelas da Globo... Fuja!!!

   
Em resumo, Fortaleza prá mim resume-se em um dia no Centro Cultural Dragão do Mar, 3 em Jeri e 2 na Lagoinha.
    Dizem que Canoa Quebrada é legal, mas para quem conheceu Jeri...


Revisitadas


    Voltei em 19/10/2011. Em cinco anos e meio pouca coisa mudou. Fiquei decepcionado com o Centro Cultural Dragão do Mar; apesar de as atividades continuarem a correr soltas, o centro está completamente deteriorado, sem manutenção ou pintura. Uma pena...

   Jeri, por outro lado, continua charmosa. É verdade que ela cresceu, mas devido ao acesso difícil, menos do que era de se esperar. Há mais pousadas e restaurantes, mas as ruas da cidade continuam a ser de areia, sem luz, apenas iluminadas pelas casas e restaurantes. Um charme.

    Fizemos todos os passeios, mas o melhor mesmo é o de Tatajuba, que termina na Lagoa da Torta onde você pode se esbaldar nas redes dentro da água tomando sua caipirinha. E quando o camarão fica pronto, eles trazem uma mesinha para que você não se canse muito levantando da rede para comer; vixe como é bom!!!

    Há, literalmente, dezenas de bugueiros que querem te levar, mas nós gostamos muito do Vitor, por seu bom humor e profissionalismo. Se quiserem passear com ele, os telefones são: (88) 9600-9933 / (88) 9704-5554.

    Muita gente pode pensar que estou fazendo marketing, mas os que me conhecem sabem que eu indico tudo o que é bom e denuncio tudo o que é ruim.

   Ficamos no Hotel Villa Terra Viva, pequeno, com quartos grandes e ar condicionado que não faz barulho. Muito bom. As pessoas são, aliás como todo cearense, muito simpáticas. Só o café da manhã é sofrível... Falando em hotel, todos podem acertar para você o transporte de e para Fortaleza, mas descobrimos o Bruno que tem uma D20 e pode te buscar no aeroporto. Telefone: (88) 9622-1534 / (88) 9609-3729.

    Por fim, não deixe de jantar no restaurante "Na Casa Dela", que fica na Rua Principal.

    É isso aí gente, Jeri é ótima. Espero voltar para lá no ano que vem.

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