Cordilheira Huayhuash

    Desta vez fui com um grupo de 7 americanos, dos quais dois já velhos conhecidos: Greg, com quem fiz a Cordilheira Branca em 2008 e Jeff, seu filho, que conheci quando fui ao Alasca.
Os outros 5 eram desconhecidos, mas a minha teoria é a de que quem faz esse tipo de loucura é gente boa. E não deu outra: o melhor da caminhada foi a turma. Unida, simpática, de bom humor, sempre ajudando uns aos outros, sempre pensando que o pior já havia passado, mesmo sabendo que ele estava ainda por vir...

    Dia 17/06/2010 chegamos todos a Huaraz. Sim, outra vez aquela cidade horrível. Para não ser repetitivo, leia a respeito dela em Cordilheira Branca. A cidade nos brindou com soroche. Uma aspirina e muito chá de coca depois, o soroche foi passando.

    O primeiro dia de aclimatação foi por uma trilha muito bonita, na qual eu estive na visita anterior: Glaciar Ranralpalca, com a Laguna Llaca.


    O segundo dia foi punk: Laguna Churup. Você sai de 3.800 metros e a laguna está a 4.250 metros. Íngreme. Não cheguei até ela. Estanquei nos 4.000 metros e o pessoal continuou. Fiquei lá sozinho, no meio da cordilheira, na maior paz possível. De vez em quando aparecia alguem subindo, que parava para tomar um fôlego e bater um papo rápido. Umas duas horas depois, resolvi descer e tomei a trilha que o guia havia me mostrado, e lá fui eu passeando sozinho por essas lindas montanhas. Quando o grupo finalmente desceu, todos exaustos, contando a dificuldade para chegar à laguna, comecei a imaginar como seria a caminhada de verdade...

    Nossa caminhada era de 5 dias, dos quais apenas 3 de caminhada. O primeiro foi uma aventura de ônibus até Llamac, que fica a umas seis horas de Huaraz. Foi emocionante. Para aqueles que, como eu, curtem aqueles filmes tipo Indiana Jones, em que um ônibus carregado sobe uma estrada na qual ele não cabe, no meio dos Andes, vez por outra com uma roda fora da estrada, sobre o precipício de uns 500 metros de altura, foi um prato cheio. E quando um outro ônibus descia a montanha e começava a discussão sobre quem daria a ré, aí a coisa ficava realmente emocionante. Ao ponto de Rebecca passar as 6 horas da viagem chorando...
Mas por fim chegamos a Llamac e montamos o acampamento. Fim do primeiro dia.
   
    O segundo dia foi de uma caminhada gostosa, quase plana, por lugares lindos.


    E então chegou o terceiro dia. Terrível. A Cordilheira Huayhuash é mais fria, mais íngreme e menos bela que a Branca. As subidas são extenuantes; as descidas piores. Você escorrega nos seixos. As coxas doem. Neste terceiro dia subimos do Vale ao Passo Rondoy (4.750 metros). E depois tivemos que descer à Laguna Jahuacocha. Dos 8, seis ficaram doentes. E note que destes 6, um tinha 22 anos e o outro 26.... Apenas Ken e Mark chegaram ao final da caminhada sem terem contraído alguma doença, mas fracos o suficiente para dizer que para eles chega de alta montanha. Quando você fica sem oxigênio e força seu corpo ao extremo, fica sujeito a que qualquer virus ou bactéria faça a festa.

    O dia seguinte foi de descanso às margens do lago. Passeamos até uma cachoeira lá perto, e curtimos o dia apenas lendo e papeando.


    O quinto dia foi um repeteco do terceiro. Subimos até o Passo Pampa Llamac, que apesar de ser bem mais baixo que o Rondoy, tem a subida e a descida do outro lado mais íngremes. Enfim voltamos a Llamac e nos preparamos para a viagem de ônibus de volta. Desta vez dei um calmante para Rebecca, que voltou dormindo.


    Gente, Huayhuash é bonita, mas se vocês tiverem que optar, fiquem com a Cordilheira Branca. É de um visual incrível e bem menos sofrida. Acho que para mim tambem terminou a febre por alta montanha. A partir de agora, só caminhadas abaixo dos 3.000 metros e de preferência com uma boa pousada ao final do dia.

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